terça-feira, 13 de janeiro de 2009

frio..


a ideia d'isto era meter TUDO o que escrevi até hoje, aqui (apesar de ter deixado de escrever há 2 anos, acho eu). e na altura, estava cheio de vontade. só que tenho uma vida social, sentimental, estudantil, (..), muito ocupada.. e isto tem 'tado parado.
ora.. venho cá eu hoje dizer que assim q me livre deste terrível semestre, volto a actualizar assiduamente, =) (oba!)
talvez até faça um blogue novo, já que este é o espelho das sombras do passado, (uuuhhh).

lembrei-me disto porque hoje alguém me perguntou o endereço do meu blogue.. e eu não respondi, =P

até um dia destes.


bom ano!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

linhas das leis



tenho uma aparição projectada no tecto do meu quarto
e vejo a camada gorda a meus pés
enquanto quase sinto o cheiro da aura
que se desprende do corpo frágil
projectado nesta aparição.
é que a gente cai sempre duas vezes,
quando da primeira alguém nos agarra
antes de tocarmos realmente no chão
e provarmos o sangue entre os dentes.
e às vezes nem à segunda,
e continuando com a aparição,
constante como oxigénio,
não aprendemos que as leis são para serem quebradas todos os dias,
porque a linha central é demasiado estreita para caminharmos sobre ela
e só equilibramos a loucura da normalidade numa das extremidades.
agora escolhe o pólo que mais te convém
que o outro é só para deitar o olho de vez em quando.

aplausos



não percebo d'onde vem a insistência de me tirarem sempre o que mais preciso.
o "dia" está quase a chegar
e o que deveria ser o meu pico de alegria programado no início de uma das minhas novas projecções de vida,
pressagia-se ser um fúnebre espectáculo vazio,
de cortinas negras,
luzes encandeantes
e aplausos surdos e absurdos.
não percebo d'onde vem este ódio que se agarra com unhas e dentes ao pouco amor que ainda espreita.
como me pude esquecer de mim?
como me pude esquecer de sorrisos e lágrimas que me apareceram à frente
quando a minha parte podre se oxidava numa adolescência rápida?
se o pólo positivo desta projecção fosse uma aparição constante,
podia esquecer qualquer raiz..
mas a minha ambição,
pura do Animal Consciente,
é demasiado para os parâmetros da concepção convencional da Humanidade.
não percebo porque é que o mundo não é feito à minha medida..
e eu não sou o bucha em vez do estica!

novo eu



embora tenha saudades de mim,
este eu novo é de pedra
e perdeu a flacidez da parte estúpida da inocência.
toda a gente tem uma parte podre!
sim.. há mais para além da capa visível.
e o meu novo espaço de sobrevivência
só se adapta quando reconhece essa parte podre dos outros,
a parte mole,
a parte que levou anos a oxidar ao ar livre,
a parte que levou anos a moldar-se à prisão carnal,
a parte verdadeira e humana,
a parte bonita,
a parte que dá vontade de acariciar..
mas é impossível passar a barreira concreta
e pintar o homem de cores q nunca ninguém viu,
num fogo de artifício que explode neste músculo tão pequeno.
isto só é possível numa aproximação quase perfeita,
com pessoas quase perfeitas
que vou encontrando nesta busca da vida.
obrigado pela tua imperfeição,
quase perfeita

a imperfeição da felicidade



ser-se na perfeição da felicidade
é ser-se inconsciente permanentemente
ou temporariamente e morrer a seguir.
é esbofetear o superego
até que ele não tenha mais por onde sangrar
a sua inoportuna capacidade de concretizar
o que queremos abstracto.
é voltar a nascer a cada segundo
e senti-los com a pureza do sorriso de uma pedra
que não se move com o vento
que insiste em gritar na janela.
é ser-se surdo e não dar a menor importância
às inúmeras fotografias que tiramos em conjunto.
é saltar e tocar o tecto,
ficar lá,
ver toda a estupidez humana lá em baixo
e rir dela até quase ficar sem ar.
é roubar um balão ao homem da pandeireta
e fazer dele um mundo na nossa mão
e passear com ele num jardim cheio de nada.
é tanta coisa ao mesmo tempo
e não nos lembrarmos nem de metade.

onde está a minha sombra?



é fascinante a constante surpresa da vida
que contrasta com a forma fixa que nos apraz transparecer.
quando pensei ser sabedor de tudo,
descobri que há sempre alternativas
e novas formas de amar.
e é tão lindo..
e é tão bom ser-se inconsciente ao amar assim!
mas a tendência é de meter a mão na cabeça..
preciso de uns olhos dentro dos que já tenho..
e de olhos bem abertos
ver os teus limites a dissolverem-se
num espaço que é comum ao meu.
e abrir a boca ao máximo
para se ver tudo o que temos cá dentro.
mas às vezes,
nem tudo é como os conceitos que temos espetados na cabeça de pedra dura.
às vezes
sou como um elefante
obeso e estúpido
com medo de um rato
enfezado e insignificante..
e de olhos bem fechados,
tento não ver que és tu quem me atira pedras à cabeça
sem autorização..
és tu quem me espanca o espírito
com as palavras que essa língua insiste em me penetrar em todos os poros.
eu sou demasiado receptáculo!
eu sei,
e peço desculpas por isso,
mas se um dia tu esqueceres o meu nome,
eu vou saber em primeira mão
e o perdão não vai constar no meu vocabulário.
e com a mesma rapidez com que me dei
da mesma maneira te apunhá-lo no peito
e me vou..
porque o bem e o mal são irmãos gémeos como nós
e têm o mesmo significado
que uma enxaqueca egocêntrica..
e não me apetece lamber as botas
com que fiz todo o caminho da vida.

sábado, 23 de fevereiro de 2008


agora só não me quero esquecer das conclusões a que cheguei hoje..
não acho necessário dissertar sobre isso!
porque são tão abstractas
e não quero que percam a sua essência
de recém-nascidas.
há coisas tão singulares 
como a flor amor-perfeito
que não tem plural
porque seria: amores-imperfeitos..
porque tudo o que é perfeito é único!
e eu não compreendi que já sou uno
e que há coisas que só o tempo resolve!
isto não devia ser abstracto..
isto não devia ser sistematizado em matemáticas..
isto devia ter sido aprendido no ventre
em vez de aparecer na sombra!
apesar de tudo, 
vou continuar a assistir,
ao espectáculo de marionetas sem fios
da vida incontrolável que quero controlar..
metam-me na cabeça que não sou deus!
porque esse já morreu três vezes..
ou duas porque numa não chegou a nascer..
ou quatro porque também eu o apunhalei!
metam-me na cabeça que sou verde,
nesta vida que nem sempre é cor de rosa
como nós a tentamos pintar!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

passei a linha do suficiente


passei a linha do suficiente!
porque às vezes é preciso mais uma dose
e tirar a mão do colo
para erguê-la ao céu.
porque às vezes é preciso deslocar o centro
e saltar entre os limites abismais.
porque nem sempre se regressa pela mesma rua
quando nos perdemos nas noites curadas a álcool.
porque o lado negro está demasiado perto do branco
e este contraste agora não me deixa adormecer.
porque ainda há uma música que me vira do avesso
e que me faz lembrar os olhos que um dia eu bloqueei.
é por tudo isto que me declaro andrógino de emoções.
na tentativa de não interferir no espectáculo
que o homem da pandeireta me mostra todos os dias.
é por isto que peço mais uma vida
para fazer tudo igual o que fiz até hoje.
porque se tiver de me arrepender
pelo menos que seja por algo que fiz,
porque o que ficou por fazer
fica sempre na memória
como uma cicatriz do "eu quase que fiz isto um dia".
agora que já descansei
é hora de ser luz e desventrar o nevoeiro.
porque afinal não estou sozinho
e vou-me levantar já
antes que volte a estar.

foto: terreiro de leiria. novembro de 2005: nesta altura pensava que só existia a escola, o terreiro e pouco mais, em leiria.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

irmão gémeo


é espantoso como a vida tem sempre uma face nova
e pronta a revelar-se..
não pensei que fosse possível que este músculo tão pequeno
aprendesse novas formas de pulsar..
não pensei que fosse possível que esta mente
pudesse suportar com tantas fotografias
para mais tarde recordar!
a vida tem mais surpresas que o natal
porque neste caso não há como espreitar num furinho
na tentativa de diminuir a ânsia.
agora só resta mesmo escolher os passos que se dão para o abismo
de olhos fechados
e com um sorriso sempre pronto nos lábios
para sofrer as consequências depois.
porque é bom deitarmo-nos na cama que fizemos!
mas tu continuas igual a mim,
meu irmão gémeo,
mas a pensar num futuro tão diferente daquele que eu planeei.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

tenho um milagre para fazer


tenho um milagre para fazer,
porque o tempo não o faz por mim..
quero deixar de interferir tanto,
para não ter de esconder o que eu processo dos outros
e não ficarem no mesmo ponto de aplicação que eu..
é triste esta realidade,
mas é só para mim.
e mais ninguém precisa de saber.
ainda me vale esta máscara
que ri que nem uma vaca!
e só espero que não caia fora do campo de coordenadas que eu conheço..
a culpa é toda da decisão passada,
acontecimentos que se encadearam
e que resultam em sentimentos andróginos.
não percebes que planeei um futuro diferente para nós?
porque neste mundo não foi feito para mim..
este mundo é tão teu que só lá consigo tocar de vez em quando,
e o toque é demasiado doloroso..
tu enganaste-me..
mas a culpa foi minha.
tu enganas-me a toda a hora!
mas a culpa é toda minha..

domingo, 3 de fevereiro de 2008

esperar pelo fim



quando tiver que esperar pelo fim
quero sentir que fui útil,
pelo menos um dia,
uma hora,
um momento.
mesmo que os outros
não tenham a consciência exacta
e contemporânea disso.
nesse momento 
quero saber que fui caminho
ou pelo menos um sinal que o indica.
mas não me importo de saber
que fui nevoeiro a vida inteira,
excepto um momento em que o sol espreitou
e mostrei um caminho alternativo,
útil.
então,
o fim pode chegar pela porta da frente.

3+4=30


usei o 7 da maneira mais imperfeita que me podia calhar.
o número da perfeição mostrou-me onde não é perfeito.
uma casa decimal.
a soma,
do 3 e do 4,
dos géneros,
do "eu" e do "tu",
não foi 7,0.
foi um valor imperfeitamente aproximado.
dias antes,
o 0 deixou o esquerdo
e foi o meu lado direito,
eu: o número 3.
o 0 à esquerda foi quase perfeito
ao passar à minha direita.
30 é o número quase perfeito.
mais que o 7.
ainda bem que há algo mais que o 4,
por enquanto.

(segundo a numerologia, entre outras coisas, o 3 é o número masculino, o 4 o feminino e a soma dos dois é 7, o número perfeito.
e este é possivelmente a coisa mais ridícula q escreve até hoje. mas prometi que metia cá tudo.)

tenho saudades


tenho saudades,
ao passar os olhos pela paisagem
que me é apresentada
no debruçar da minha janela.
tenho saudade de mim no tempo, 
e não no espaço.
tenho saudades de ti
como elemento natural, 
o quinto, 
o que faltava,
que nas árvores diz ao vento
o nosso romance 
de água e fogo.
tenho saudades da noite.
e à noite tenho saudades
de mim,
de ti, 
de todos.
tenho saudades de toda a gente, 
a toda a hora.
tenho saudades da pessoa
que não está longe,
que está à minha frente
a toda a hora.
tenho saudades no momento.
não é depois!
eu já tenho saudades de um acontecimento 
no momento em que acontece.
tenho saudades de fazer o que me apetece
sem ter medo de sentir saudades depois.
prefiro então não fazer nada
e ter só as saudades que já tinha.
o tempo é uma realidade má.
preferia a sua inexistência.
tenho saudades de olhar para o relógio
e não me preocupar com isso.

tenho medo


tenho medo
que chegue o dia
em que eu esteja a falar
e ninguém esteja a ouvir.
tenho medo 
que me faltem as palavras simples
e a maneira mais fácil
de me fazer entender.
tenho medo 
que os (meus) sentidos
tenham um só sentido
que não o convencional.
espero pela noite
em que as pessoas se libertem 
da carne e da matéria
e que sejam grãos de pó
da mesma estrela.
mas tenho medo da espera.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

bicho do mato


antes só ouvia falar dele.
hoje vejo-o em todo o lado:
o mito do eterno retorno
passou de conceito
a aparição contante e assombroso.
no entanto deixa de fazer sentido
quando se perde a origem
ou quando já não se tem a certeza
qual é a verdadeira origem.
encontrá-la será o próximo objectivo
(tenho a certeza)
e o isolamento parcial e a indiferença será o caminho
(tenho quase a certeza).
como é possível querer tanto uma coisa
e ter medo dela ao mesmo tempo?
é assim que me torno um bicho do mato
tendo só o meu covil
mesmo sem saber ao certo onde é,
onde começa
e onde acaba.
tendo só a sensação de que existe e me pertence.
parece ou começar
ou acabar numa parte q me consitui.
agora não preciso de ninguém
excepto de mim.
agora só preciso de mim
para me encontrar.
tudo o resto é areia nos meus olhos,
maçãs carnudas que me bloqueiam os sentidos
e me fazem pecar.
quando é que acaba?
não sei.
mas sinto-me bem assim.
voltar ao início
e ter a sensação de tudo o que se perdeu no caminho,
das certezas deitadas por água,
é uma coisa que quero saber já
mas que sabe bem adiar!
tenho saudades das pessoas
e dos conhecidos.
é pena tudo ser evolucionismo,
pois às vezes é o pior caminho.
porque não ser fixista e imutável de vez em quando?
é o q nos faz mais falta.
paradoxalmente, não o poderei ser nos próximos tempos.
o retorno está já na próxima esquina.
e eu tremo.
não sei o tempo q demoro a lá chegar.
sei que é muito.
tudo o que ganhei no caminho e o que mais vou ganhar
vai tornar-se inválido.
sempre foi assim.
voltar ao início
sei que é o que preciso
mas não quero.
depois de se "saber"
a ignorância já não é mais bem-vinda.

"..e já não sabes o que está na origem do que é, e por vezes não sabes o que ainda é rio e o que já é mar.." - Umberto Eco.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

diz-me quão profunda é a crença


diz-me quão profunda é a crença!
faz-me entender quando é que és tu que falas.
por vezes é preciso mais do que um sinal de luzes..
e aproveitas qualquer poste de semáforo para fazer um strip invertido
em que te vestes de rótulos
e a tua boca conta-nos o contrário.
diz-me quão profunda é a crença em ti próprio!
explica-me essa religião que criaste só para ti
e para os demais que recusam
porque são com tu e têm também as suas..
alguém que me diga quantas religiões se criaram até hoje.
alguém que me diga quantos strips invertidos se fazem por dia.
e depois alguém que tente me ensinar a não ter vergonha de pertencer à mesma espécie que insiste em aumentar a matemática e o português!
insite em dar à luz problemas nas suas miseras vidas inanimadas, sem acção,
e só o fazem porque o criador percebe sempre o que cria..
só parece difícil a resolução dos auto-problemas
aos olhos dos outros!
diz-me se a crença é verdadeira..
nem sei se será necessário!
geralmente a cara é a impressão de um documentos chamado cérebro.
oxalá fosse do peito..
mas o cinzento soprepõe-se sempre!
diz-me quão profunda é a crença!
faz-me entender quando é que és tu que falas
e não o factor H!
pena que o Homem tenha de ser só mais um vasilhame
que gira e gira,
e enche-se de rótulos mesmo sem querer.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

portas

























as portas tanto são meios
como obstáculos!
é verdade!
por isso é que elas são estúpidas..
são estúpidas pelo que são.
por isso é que eu sou estúpido como uma porta, pelo que sou;
por isso é que tu és estúpida que nem uma porta, pelo que és;
por isso é que a vida e o mundo são estúpidos que nem portas pelo que são!
ao fim e ao cabo, tudo é uma bola de estupidez maciça
que rola e rola,
para ficar cada vez maior!
e é assim que se fazem as casas,
com muros, barreiras e obstáculos, e paredes com janelas e portas estúpidas
que não sabem se hão-de ficar abertas ou fechadas,
como as nossas bocas e como a boca do mundo!
é desta forma que a estupidez se escapa
do interior para o exterior..
através de todos os poros, orifícios, buracos
que temos no corpo!
fechem-nos como portas,
e não os deixem todo abertos
como as balizas onde se assam frangos.
felizes os que são estúpidos de nascença
e pouco se preocupam com a estupidez pública!

farto de esperar


























já estou farto de esperar à sombra de um gato
a comer flores
que me faças um sinal de luzes
que dê prioridade à minha passagem.
às vezes só me dá vontade de passar ao plano B,
que não consite em abrir um paraquedas na sala,
mas sim em virar a esquina
e relacionar-me com números primos.
isto tudo porque não consigo ouvir o que dizem os teus olhos,
pois os meus ouvidos estão habituados a ouvirem lábios!
às vezes dá-me vontade de regressar aos cubos mágicos,
não pelas razões que outrora lá me levaram,
mas sim, só por estar!
se não for possível,
então que me arranjem um novo
pelas novas razões!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

lavagem

























preciso de uma lavagem em leite celeste
e de chover sob a forma de pó de estrelas
em cima de pessoas reais
para que depois possam ser passadas a ferro
de modo a que eu fique estampado em pele.
mas depois,
se não ficar enleado nas roldanas,
desço pelo ralo da banheira
num momento de higiene.
e todo eu sou água..
água de beber e mijar!
qualquer que seja a forma de me dar,
sou usado e largado!
usam-me como meio para atingir objectivos
enquanto que para mim as pessoas são objectivos.
quero ser uma peça de xadrez, um peão!
para viver num contraste que me deixa dormir.

domingo, 6 de janeiro de 2008

crava-me lume























crava-me lume,
fuma o ar que me envolve
para que eu não ouse respirar
o mesmo ar que respiras.
puxa-me os cabelos
para que eu fique careca de saber o que queres.
dá-me um lápis
para eu parar de pensar,
pelo menos com a cabeça,
que é o que costuma pensar em nós.
atira-me uma maçã e uma ampola
do lado de fora da jaula
para que eu possa pecar
de forma mais inteligente.

sábado, 5 de janeiro de 2008

gostar mais ou menos



gostava de poder gostar mais
ou de gostar menos,
dependendo da ocasião.
a minha cabeça devia de ter botões,
como as máquinas de lavar e os microondas..
e regular as ideias!
centrifugada e quente já ela anda,
mas falta-lhe mesmo os botões..
ou então uma agulha e linha para pregá-los..
mas para pregar não é necessário martelo?
o martelo prega mais que pregos?
..madeira..
..árvores..
..verde..
..casaco..
..eu!..
..pino..
..chão..
..crosta..
..vulcão..
..lava..
..quente..
..tu!
vê a dimensão de coisas em que nós interferimos..
é pena que façamos apenas isso: interferir!
sem tirar nada para nós mesmos.
posso viciar o jogo
e ganhar uma vez na vida?
eu preciso mesmo de botões na cabeça..
e tudo o resto no bolso..
e tu à minha frente.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

eu só me quero deitar numa cama de rosas planas II


eu só me quero deitar numa cama de rosas planas
e já o disse a alguém!
e quero lá dormir deitado
por tua culpa
até que tu acordes
enquanto estás de pé.
as linhas dos teus olhos são estradas para eu caminhar
e me perder neles!
e é ao perder-me neles que me sinto como uma tela branca
em que se dá a primeira pincelada,
e nela me acho num portão,
onde bato, mas ele está calado.
e é contigo que me perco nas notas musicais nas noites coloniais
ou transparentes como espectros.
e durante as semanas cavernais
só me apraz pensar nelas.
claro que há metafísica ao pensar em ti,
pois sendo como uma deusa anónima
me fazes criar uma nova religião
e me fazes acreditar no que nunca pensei sonhar conseguir ter vontade de acreditar!
e não posso nem tirar um verbo da última frase que escrevi,
porque ela é mesmo assime não conseguiria explicar-me melhor!
mesmo que me faltem verbos noutras ocasiões,
pelo menos um permanece comigo
e principalmente quando estou contigo.
um verbo que está sempre presente
no que digo, penso e escrevo, mas que nunca é pronunciado
e talvez devesse sê-lo!
é o verbo amar..
e bolas!
acabei de o usar..
só espero que não se gaste com o uso
e não se esgote com o tempo,
como a sua casa de músculos que pulsam inexoravelmente,
como o gesto esporádico de levar a mão à boca boquiaberta,
juntamente com o de abanar a monalisa,
quando estás invertida em relação ao meu referencial,
e eu fico sem saber qual de nós está a fazer o pino
neste 69 à distância.
apenas regressamos à forma inicial
quando explodes em gargalhadas
e eu em vontade de te dar um beijo..
porque és um contraste saudável
aos olhos doentes que pensam.

aqui
o gollum foi ao médico,
o espektrum tocou a luz
e o volvox não sabe o que quer!
.. e nasceu o liar!
fotos: antigo portão bar, no barreiro.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

aparte: é natal!



[ lembranças de natal ]

é natal
e uma criança caiu lá fora
porque as luzes não combinam nada com o nevoeiro que as envolve.
o vento sopra
e partiu a árvore nua que assombrava a minha porta.
no jogo de sombras nocturnas
de luzes coloridas pela escala dos cinzentos
recordo todos os natais que passaram e proponho um natal perfeito para toda a gente.
vendem-se aventais nas feiras improvisadas em qualquer esquina.
os fogões cospem labaredas e infestam o ar de açucar.
juntam-se corações, olhares e gestos que dispensam palavras,
porque as sinto como fogo de artifício
aprisionado nesta masmorra de pele.
é natal
mas o pai natal não desce cá abaixo
só plana lá por cima.
é natal porque vamos ao sótão buscar a árvore encaixotada
e uma caixa poeirenta cheia de luzes e cores.
a aparelhagem assobia sonoridades da época
nesta sala iluminada de laranja
que contrasta com o frio e a estrada negra
onde dormem os cães e os gatos sem dono.
ponho o gorro vemelho garrido na cabeça
e saio de casa para distribuir as prendas
que recolhi entre encontrões em extase.
quero trincar tudo o que é desta época
e sentir todos os sabores e cheiros
guardá-los cá dentro
e partilhá-los com quem eu amo.
é natal no dia a seguir da véspera da noite que não foi natal
e os sinos que ecoam
ouvem-se por toda a minha terra.
a luz da manhã é mais forte que o nevoeiro
e a vontade de não findar este dia também!
então festejemos outra vez.
mais corações, mais olhares, mais gestos,
mais luzes, cores, sabores e cheiros,
mais tudo o que se quer
formando uma forma geométrica que ainda não tem nome nem dimensões limite
sem proporções de escalas que não foram inventadas.
é natal
e tudo é a preto e branco por contraste
e preenchido com as cores que somos nós.
é natal
e o natal é sempre perfeito,
pena que não seja para toda a gente.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

caverna
























o toque dolorosa da folha na pele,
o ardor e o vermelho nos olhos,
e a escuridão que há,
não fora nem no interior,
mas no intermédio em mim,
como uma áurea,
seja lá o que isso for,
tudo isto em conjunto me faz lembrar a caverna onde me deitei
e hoje me volto a deitar.
sentir calor na minha metade direita por obra de meio farrapo,
sentir frio na minha metade esqueda por graça do ósculo da abertura entrada/saída,
faz-me sentir feliz por momentos,
por existirem sensações que nos criam ideias, conceitos, opiniões,
sem sermos totalmente cegos
mesmo havendo tantas nuvens em cada rua por onde somos obrigados a deambular.
esta contradição de sensações
que nos move e faz pensar,
este pensamento que nos afasta do que é real,
no fundo são coisas boas que temos,
só pelo que elas são, ou pelo que fazem,
e ficamos cá por cima a flutuar
e a pensar que vivemos.

foto: casa do gollum.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

continua a mudar


que sou eu?
sou um copo
um cd
um livro q toda a gente lê
mas que poucos sabem as entrelinhas da última página.
sou o ponteiro dos segundos
e nas horas vagas o dos minutos.
sou a tampa de um perfume
só quando não me salta a tampa.
sou uma caixa que guarda segredos públicos
de uma filosofia chinesa com que ninguém se importa
mas encara todos os dias.
sou uma tela
quando se dá a primeira pincelada.
sou um lápis de cera verde
na esperança de dizer
que um dia destes o tempo vai mudar
porque eu já mudei!
o que sou eu, só eu devia saber
mas não sei!
só sei que afinal não era bem como pensava ser..
porque, se há coisas que são feitas para permanecerem imutáveis
eu não sou uma delas de certeza!
eu mudei, e sinto-me melhor assim..
embora talvez tenha saudades do que era
tenho muitas mais saudades do que eram os outros.
mas fico feliz por não mudar sózinho
e ao mesmo tempo infeliz por haver muito que fica por mudar.
o que sou eu?
um cartão de memória que se insere numa máquina digital
sou o botão play na maior parte do tempo
e o de pause de vez em quando.
sou a fronha de uma almofada que cai a meio da noite
porque já não é necessária,
pois foi encontrada uma posição melhor.
sou a tecla do botão direito do rato
para mostrar opções.
sou um bolso
um lápis
e uma borracha.
continua a mudar o que queres que eu mude
e a deixar estar como está o que não queres!
por mim pouco me importa..
para mim sou sempre eu,
e eu sou o que sou dependendo da ocasião!
que sou eu?
que importa, desde que seja?


[2005]
[foto no vinícola, do barreiro]

domingo, 16 de dezembro de 2007

eu só me quero deitar numa cama de rosas planas


desculpa-me pelas minhas desculpas,
pois eu só me quero deitar numa cama de rosas planas,
pelo menos nos tempos que se avizinham,
nas horas diurnas,
e quem sabe, nas nocturnas,
porque a lua é mentirosa.
por isso é que não gosto de pensar de noite:
se for para mentir,
prefiro que seja a dormir
e que as mentiras se transformem em sonhos
e que tu voes neles,
dividida em três borboletas
para que eu acorde todos dias
com uma azeitona na boca.
e então eu posso rir, rir, rir,
sem medo de a mostrar
e cuspir o caroço para a cabeça de quem eu quiser!
obrigado pelo arco-íris em que transformas a vida!
e a vida é mesmo assim:
mentirosa como a lua,
mas voa como borboletas
e cospe caroços de azeitonas lá de cima,
e nós vamos abrindo um guarda chuva de quando em vez, cá em baixo.
ainda bem que tenho duas caixas
onde guardo os meus segredos públicos e a minha estupidez..
uma é a minha cabeça e a outra um xadrez!
não sei em qual meta o quê.. porque misturo tudo!
o que me safa é ter um guardião à porta do quarto
que não guarda coisissíma nenhuma! (?)
passa o dia a olhar para a parede
e só me olha à noite, porque a lua..
..é mentirosa!
por isso é que a confiança tem validade,
e os dias são como idas ao supermercado,
onde no carrinho temos as cabeças
e nas prateleiras a quantidade que lhes queremos atribuir!
ainda bem que és assim,
um bocado ao contrário de mim,
mas o equlíbrio é necessário
nesta salada insonsa da vida!
portanto deixa-te ficar,
não precisas de abrir mais os olhos,
porque se não as pestanas tocam-se a trás da cabeça,
e enrolam-se,
e formam tranças até aos pés,
e tropeças,
e cais,
e fechas os olhos,
e começas tudo de novo!
obrigado por seres os meus pés de vez em quando..
Imagina o quão chato seria ter de andar em cadeira de rodas!
portanto mantem-te no nível onde te encontras,
e vê se vences o boss,
se não ainda terás de saltar para outra plataforma,
e assim sucessivamente!
aqui por estes lados,
vou andando como posso,
e não como quero..
nem que seja a fazer o pino
e, vendo o mundo ao contrário,
lambo as paredes e as pêras,
em vez que caminhar a olhar para o céu
e a comer uma maçã,
sem ter medo que isso constitua um pecado!


já não me lembro quem tirou a foto, mas sou eu quem está nela, e quem a meteu bonita, foi a menina que também lá está.
e isto foi no dia (mas à noite) em que o pápa morreu, e nós fizemos, por acaso, um festa.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

pus o dedo no meu umbigo


houve um momento que tive medo..
mas olhei na mesma, e foi então que vi!
não era como tinha imaginado,
nem como me haviam dito..
afinal era tudo mentira!
desse momento em diante, deixei se sonhar da mesma maneira..
e pus o dedo no MEU umbigo!
afinal eu existo e não fui feito para mais nada se não existir!
nem sequer para compreender..

sou eu, o meu umbigo e as coisas.. o conjunto a que chamo 'vida'!


[espektrum]

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

ainda há..


porque ainda há coisas que nos distraiem,
vou pedindo mais uma dose de loucura
e mais um dia para poder ser louco..
porque ainda há coisas que nos fascinam,
deixo-me ficar mais um pouco
e tento que a luz me penetre..
porque ainda acredito
vou deixando o tempo passar..
e por entre as horas que passam,
o deprimente músculo que não sonha nem sente,
pulsa inexoravelmente
e eu fico e existo hoje.
prefiro ficar de fora
e ver de dentro, lá fora,
o reflexo da guilhotina que brilha..
posso ficar sozinho?
então obrigado e quero mais um café,
porque mais uma noite me espera,
e eu também espero por ela,
com uma mão no colo e outra no pensamento.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

feitos do mesmo


se me sentes com o coração
eu sinto-te com os intestinos,
e pessoalmente, com o coração também.
as partes visíveis dos teus olhos
misturam-se com o espaço que rodeia a tua cabeça.
e na tua boca entra um navio comigo lá dentro,
e eu dou voltas, começando pela cabeça..
e eu rodopio com tanto vento que lá está dentro
que quase que saio pela nariz, ou por uma orelha..
mas desço! e tudo é oco
e vermelho e por vezes cinzento,
com aranhas e madeira
e um balde que talvez tenha sido um regador
mas a ponta partiu-se, e portanto agora é só um balde
igual a tantos outros.
chego à unha do dedo grande de um pé,
e dou meia volta e saio ao nível do meio corpo.
(...)
mas cá não está tudo igual,
porque trago comigo bocados do que te preenche
e sinto-me doente porque fechei os olhos..
tive de os fechar pelo escuro encadeante e incandescente
que envolve o mundo que é só nosso,
porque mais ninguém pertence a ele
e ele não pertence a mais ninguém.
e de repente sinto-te como a fricção da areia que eu gosto,
2 vezes por dia numa cadeira azul
e um cubo às cores eléctrico que me filma
enquanto não sei de ti, nem te penso..
e quando penso, não te sinto..
não sei de ti, mas sei que te vejo amanhã outra vez,
como uma maçã verde que não simboliza o pecado porque não é vermelha,
mas é ácida nas gengivas e na ponta da língua.
e borras-me como a tinta de uma esferográfica
que me ofereceram num evento cultural!
e se o que te envolve me enoja,
eu enojo-me ainda mais,
com olhos esbugalhados com medo permanente
e dedos esqueléticos que só servem para escrever.
mas o nojo que sinto em mim de mim
não é só o físico mesmo com fluídos..
mas também a hipótese de que sejamos feitos do mesmo,
e que as aranhas me consumam a madeira,
sem que o balde tenha a função de regador
para as afastar com água,
e sem que o vermelho reine totalmente sobre o cinzento que se evapora e preenche o espaço.
e se formos?
então não penso mais nisso!
não me importa e nada muda,
só se confirma
e eu compreendo ou pelo menos tento.
mesmo carregando nos botões sem função do comando
sem que a tua cabeça desapareça do cubo mágico nº2.
e eu engulo mais laranja de uma ampola
para que os papéis escritos e para escrever
fiquem sob escuta por parte do mole da minha cabeça.
e até quando o pijama me roça
e eu roço com as unhas nas borbulhas do pescoço,
eu me lembro que a tua cara tem a beleza de um trevo de quatro folhas,
que não existe.
mas é belo e não é verde,
mas se fosse verde existia,
ou então o contrário:
se existisse seria verde?
mas não existe como tu não teres cabeça
e andas com um pescoço cortado que já não sangra,
como um coto,
mas tens cabelo na mesma,
e ouves e falas mais do que ouves,
e não cheiras e vês menos do que ouves.
essa tentativa frustada de arco-íris
não combina nada com a manhã límpida e apetecida,
porque arco-íris só há um,
e se fosses tu, o outro já não era preciso para nada,
e porque só há arco-íris quando chove e o sol está presente.
portanto dou-te pouca importância!
apesar de seres a coisa que talvez dê mais importância a seguir ao meu umbigo..
mas é o suificiente para escrever e dormir sem sonhar
e acordar numa manhã fria e sem sol,
e pedir mais uma só para me resolver!
[2005]

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

3 discursos sobre o tempo (ou sobre qualquer coisa em relação a ele)


dói-me tudo,
por entre as horas que passam.
estas dores que não sei de onde vêm,
sinto-as por dentro e por fora.
dói-me um pouco pelo corpo todo:
os dedos quando os roço no tecido, ou no papel frio,~
as costelas e a bacia de estar sentado,
os pés e os tornozelos de estar em pé,
a nuca, as omoplatas, o cóccix e os calcanhares de estar deitado.
dói-me os olhos, não sei bem porquê..
por escrever a estas horas,
por ter horas de sono perdidas na noite,
por chorar compulsivamente
e até por não chorar, às vezes, horas a fio.
dói-me o peito, dói-me o coração..
dói-me porque não sei porque me doem as dores
e onde doem e porque doem assim!
apenas me dói, e dói-me pensar no amanhã e nos outros, e até em mim.
o que tiro desta vida é a dor de pensar,
à medida que o tempo passa,
e que para reduzir a dor,
só mesmo apenas pensar em mim,
e em mais ninguém,
em mais nada.
eu basto-me como minha dor e como meu fármaco,
porque um dia quando as horas acabarem,
será pelo mal ou pela cura..

[gollum]







as horas são extraordinárias!
mas não me pagam mais pos isso..
são assim pelo que são!
os minutos são dolorosos..
um isolado é inofensivo,
mas em colónias são uma carga de trabalhos para os ultrapassar!
os segundos.. são eternos, perigosos e calculistas!
são eternos quando lhe dou rosas,
perigosos quando me tic-tac-toam nos ouvidos e num deles evacuo,
e calculistas porque juntos dão-me jeito no bolso
com mais uma moeda e um cigarro!
os anos.. são maus no dia-a-dia,
e bons no fim e no início.
afinal no meio não está a virtude
e queremos um extremo,
como um louco que não é um vegetal!
no início fazem-se planos,
e só no fim é que se pensam neles
e noutras coisas tantas,
e no outro início, novos planos se voltam a fazer!
e assim se vivem os dias!
nuns chovem, noutros fazem sol, idependentemente de ser domingo: dia do sol!
se as coisas fossem como os nomes, então teria de chover 6 dias por semana?
coitadas das couves que não sabem nadar..
os dias são rápidos,
mas lentos em certas ocasiões.
muitos juntos são uma vida..
boa ou má, rápida ou demorada.
e é por isto que o tempo é relativo,
já dizia Enstein!
(ou entao não)
as horas são mesmo extraordinárias!
mas não me pagam mais por isso..

[espektrum]




eu não quero estar aqui!
pudesse eu mover-me mais uns 300 metros..
mas não posso, nem sei porquê!
muita gente nao sabe quase nada a meu respeito,
e por mim até podiam nada saber,
pelo menos em relação ao que escrevo,
porque eu gosto é de actuar,
e quando não posso, escrevo,
apesar de não fazer sentido nenhum,
mas menos sentido faria, eu sem ter nada que fazer!
eu que sou capaz de formar colónias..
já o comecei,
e é um trabalho para uma vida!
pudesse eu mover-me uns 300 metros e estaria a fazê-lo neste momento,
mas não!
aqui estou de pijama,
a escrever e a perder horas preciosas
que poderia dedicar ao que é mais precioso - os outros!
sou unicelular,
mas gosto do conjunto "eu+outros=nós"!
e de abraçá-lo
e me sentir abraçado pelo conjunto ao qual me incluo!
então também me abraço aqui sozinho,
na falta do melhor
e olho para o relógio!

[volvox]




e isto foi na madrugada de 7 de maio de 2005.
fotos captadas por mim, a mim próprio.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

introdução




(isto acabou por sair maior do que o previsto.. mas é importante que leiam, pelo menos eu gostava que lessem. tempo estimado: 5 solidários minutos. equivalente a quase duas páginas no word, com letra tahoma, número doze.)


já passaram uns dias desde que abri isto aqui, porque não sei bem como começar.
isto porquê?
porque a ideia para este blogue seria uma espécie de baú com tudo o que escrevi até hoje e o que vou escrevendo no presente.
um blogue egoísta de desabafos.

se calhar tinha mais sucesso se fizesse um blogue com piadas e críticas ácidas e tal, mas talvez não tenha muito jeito. de quando em vez, até pode ser que aconteça.
pode ser um chato, mas achei mesmo necessário uma espécie de introdução (que é isto que estou a fazer) antes de começar aqui a despejar palavreado, para que surja, assim, um contexto para a coisa.
começando pelo nome..
delírios quotidianos, era uma peça de teatro na qual participei, na escola de teatro do barreiro, arte-viva (ver imagens - eu sou o de casado verde =) ). era um conjunto de pequenos sketches inspirados em situações da vida real. um kitsch show com absurdo onde no palco se mostravam situações que muito facilmente encontramos numa revista qualquer, ou nomeadamente na revista maria que todos conhecem, como por exemplo: como pintar o cabelo em 10 minutos em casa, como fazer com que ele olhe para si numa festa, etc. situações que lemos com muita normalidade e que até nos dão jeito no dia a dia, mas que ali no palco tomavam uma dimensão hilariante. outros sketches brilhavam pelo exagero, como por exemplo, o drama de uma senhora muito “fina” a lavar um prato sujo, munindo-se de luvas, máscara e fato de macaco, com a música da missão impossível como fundo, ou um encontro de dois amigos que não se viam há muito tempo, que demoravam mais tempo a cumprimentarem-se, numa coreografia ridícula com passos do michael jackson e maracas à mistura, do que a conversarem. coreografias muito bem ensaiadas, com Lhasa na banda sonora e tudo. esta peça tinha de tudo. de tudo que nos surge na vida. coisas que vistas como espectadores soam a estranho, mas que, no fundo, lhes são muito próximas. pequenos delírios. quotidianos.
agora, como é que se relaciona isto com este blogue?
à primeira vista quase nada, só o nome.
na verdade são marcas minhas do dia a dia, mas talvez sem as cores e o cómico da peça.
essa peça que foi apenas há três anos e que agora me parece que foi num passado muito distante.
e é exactamente aqui que se pode começar a entender este blogue, que fala de uma pessoa numa metamorfose de vários tipos de transformações num curto espaço de tempo, quando as condições em redor deixam de ser as ideias para uma vida normal, seja lá o que isso for. de uma pessoa que escreve sobre tudo, de si própria, em vários estados de espíritos e em várias situações, em várias épocas. dependendo de estas variáveis, fui inventando nomes para assinar os meus textos, porque às vezes não faz sentido assinar com o meu nome real, quando as coisas não me parecem reais, como um nome. e como não tenho muito jeito e paciência para inventar nomes “a sério”, dei-me nomes que estavam mais à mão, por exemplo, personagens de filmes, nomes de coisas encontrados nos livros da escola, nomes que me surgiam na cabeça depois de reler os meus textos, etc. nomes como gollum (ver senhor dos anéis) para a minha faceta mais pessimista, espektrum (ver primeiro post) para a minha faceta mais individualista, volvox (alga unicelular mas que vive em colónias porque de outra forma não poderia sobreviver) para a minha faceta dependente de tudo e todos, liar (ouvir a banda liars) para a minha faceta mais desconhecida, dr. hostil para a minha faceta mais destruidora, e de momento não me lembro de inventei mais nomes.
hoje, olhando para estes nomes, soam-me mal, estupidamente ridículos. se calhar devia mesmo ter tido o trabalho de arranjar nomes mais pomposos tal como fernando pessoa e outros. mas a ideia era só para eu me lembrar exactamente do tempo e do espaço em que escrevi determinado texto ao relê-lo mais tarde. agora não sei se os meus textos vão estar sempre assinados ou não, por estes nomes, ou outros, ou o meu mesmo. agora, e passado tanto tempo, já me parece perfeitamente normal que tudo o que falei e escrevi, possa ser proveniente de apenas uma só pessoa, de uma única mente. porque as coisas mudam.
sim, tudo muda, as pessoas mudam.
eu sou mais uma pessoa, e isto aqui não vai ser do agrado de toda a gente, especialmente para as pessoas que pensem assim: “olha agora.. não tenho mais nada que fazer do que ler sobre a vida de um gajo egoísta e narcisista qualquer armado em esperto”. se pensas assim, podes parar deler neste preciso momento e clicar ali no canto superior direito, numa cruzinha vermelha, e escusas de cá voltar. por outro lado, pode ser interessante visto de longe, de forma estética e poética. e é a visita destas pessoas que me interessa!
para essas pessoas:
este é o meu blogue! - inspirado na vida e em todas as surpresas que ela nos incute, um conjunto de metáforas ao quadrado, hipérboles, ironias, sentimentos variados, neologismos, contradições, mentiras e verdades, dependendo da perspectiva, tempo e espaço.
para as pessoas mais distantes, pode parecer tudo muito abstracto, para pessoas mais próximas de mim, e como já aconteceu anteriormente, podem a dada altura, ao ler um dos meus textos, dizer isto: “ele está a falar de mim” ou “ele está a falar daquela situação”.

p.s.: tal como a ausência de maiúsculas (ver primeiro post), também não gosto muito das reticências (os três pontinhos). é estúpido, mas mesmo assim vou tentar explicar. temos o ponto final (.) e temos as reticências (...), mas não há nenhuma pontuação intermédia com apenas dois pontos horizontais(..). ora, se não há, porque é que se passou do ponto único para três ponto? ainda se houvesse a pontuação (..) ainda percebia. mas sendo assim, não me faz muito sentido. pronto, foi só uma pequena explicação para quando virem aqui isto (..) foi de propósito, assim como a ausência de maiúsculas na maior parte dos casos. aliado a esta explicação, há ainda o facto de às vezes escrever tão depressa, que nem dá jeito sequer, e nem sai bem se for à mão, as ditas reticências. e ainda, esteticamente, fica um espaço de demasiado grande entre as letras separadas por reticências (xx... yy). tanto a ausência de maiúsculas, como as “novas” reticências, como outros factores que posso enunciar como os neologismos e palavras entre aspas, podem ainda ser explicados pela natureza desleixada dos textos, a falta de paciência para estas mordomias da língua, a ruptura com o que é muito correcto porque isso nem é o mais importante aqui, o facto de ter de escrever tudo rapidamente para que consiga realmente escrever tudo o que se pensa ao mesmo tempo em determinadas situações.
um lado positivo disto, desde “pê esse”: imagina que um dia sou famoso e tal e que até aparecem coisas minhas nos livros de uma disciplina tipo português.. já deixei algo escrito para a compreensão da obra, em vez de aparecerem aí uns sabichões da análise textual a adivinharem o significado destes pormenores.


se chegaste a aqui, parabéns! estás preparado para cá voltar. obrigado..

domingo, 2 de dezembro de 2007

espectro

olá.

eu sou o luís e este é o meu blogue a partir de hoje, porque só hoje é que o fiz.
não é que nunca tenha pensado em fazer um.. mas fui adiando, adiando.. e finalmente hoje dei à luz um blogue, mais um entre milhões.

podia falar já de muita coisa.
podia falar do "control", filme sobre ian curtis e os joy division, que vi ontem, podia falar do natal que já anda aí, podia falar de amor e não sei quê, podia falar do facto de não gostar de usar maiúsculas, podia falar sobre a vontade que me apetece de sair à rua neste momento e que não o vou fazer porque parece que não consigo tirar ninguém do conforto do seu lar para ir comigo.. mas hoje não vou falar nada disto.
hoje vou só deixar aqui umas pequenas e incompletas definições da palavra "espectro", com a ajuda da wikipedia.

espectro: fantasma, espírito maléfico.
espectro (física): resultado obtido quando as radiações electromagnéticas são emitidas ou reflectidas nos seus comprimentos de onda ou frequências correspondentes.
espectro (sonoro): distribuição, no domínio das frequências, do conjunto de todas as ondas que formam um determinado som, audível ou não audível pelo ser humano.